Além de ser uma estrutura operacional de policiamento, o 20º Batalhão de Polícia Militar, em Mesquita, na Baixada Fluminense, abriga o projeto “Equoterapia Renovar”. Com a oferta de terapia ocupacional com cavalos, a iniciativa atende a cerca de 80 pessoas com deficiência de diversas faixas etárias.
– Aqui é um espaço público e de todos. A Polícia Militar do Rio de Janeiro trabalha para congregar as pessoas para, cada vez mais, se aproximar da comunidade. Prestamos à população os serviços de patrulhamento escolar, ostensivo e bancário, além de a nossa unidade abrigar este projeto de equoterapia, que acontece há quase 20 anos no local. As pessoas trabalham de forma voluntária para contribuir com a sociedade. Tanto o projeto, quanto a PM atuam com o fator da transformação social – afirmou o comandante do batalhão, tenente-coronel João Jacques Soares Busnello.
Desenvolvido de forma multidisciplinar desde 2003 no batalhão de Mesquita, o trabalho da equoterapia atua em três eixos – físico, psicológico e emocional – e é indicado para pessoas com deficiência e limitações motoras. São necessários cerca de 30 minutos sobre o cavalo, onde os instrutores realizam, juntamente com o aluno, entre 1,8 mil a 2,2 mil deslocamentos com o corpo.
– A marcha humana se assemelha muito com a do cavalo e, por isso, o contato terapêutico com o animal traz muitos benefícios, principalmente para o equilíbrio e a postura, além de ajudar na autoestima, confiança e socialização dos alunos. Recebemos desde autistas a pessoas que foram vítimas de AVC e ficaram com sequelas motoras e cognitivas – explicou a fisioterapeuta Vivian de Almeida Bortolini, coordenadora do “Equoterapia Renovar”.
Primeira vez no cavalo
Cristiana Guedes, de 8 anos, que possui limitações motoras, cognitivas e de visão devido a hidrocefalia e encefalite contraídas ao nascer, experimentou andar de cavalo pela primeira vez no projeto em Mesquita.
– Os médicos disseram que minha filha era para estar em estado vegetativo. Só que sempre buscamos terapias para que ela tivesse qualidade de vida. Soubemos que no batalhão de Mesquita tinha o projeto e, logo no primeiro dia, a Cristiana já gostou da aula – contou Maria Aparecida Guedes, mãe da menina.
Aluna do projeto desde os 4 anos, Rayssa Rodrigues, além de ter o transtorno do espectro autista, também apresenta múltiplas deficiências. Graças ao “Equoterapia Renovar”, a jovem, que hoje tem 16, aprendeu a andar.
– A Rayssa entrou no projeto em 2006, quando ainda era bem pequena. Dez meses depois, ela começou a dar os primeiros passos. Desde nova, ela frequenta projetos de reabilitação, mas nem mesmo os trabalhos na piscina e com andador foram tão eficientes quanto a atividade com os cavalos – disse o pai da jovem, Celso Loyola.
Livia Vitória, de 7 anos, apresenta um quadro de hipotonia (enfraquecimento do tônus muscular), comum nos casos de crianças com Síndrome de Down. Para ajudar a fortalecer os músculos e melhorar a qualidade de vida da filha, Rogério faz questão de levar a menina toda semana ao 20° BPM.
– Estamos vendo uma melhora significativa no equilíbrio da Livia. Crianças com este quadro de hipotonia têm flacidez nos músculos e, por frequentar desde nova o projeto, minha filha tem ganhado tônus muscular e segue se desenvolvendo bem. É um projeto excelente aqui na Baixada, onde quase não vemos coisas parecidas – comentou o pai.
O projeto “Equoterapia Renovar” funciona no gramado do Batalhão de Mesquita às terças, quartas e quintas-feiras, das 7h30 às 16h. O endereço é Rua Tenente Aldir Soares Adriano, nº 354.
Foto: Divulgação/Gov. Est. RJ