Abertura do evento contou com duas palestras sobre anemia falciforme, doença genética e hereditária, mais comum nas pessoas negras
Dentro das celebrações do Dia da Consciência Negra e, para dar início às atividades da Semana de Tradições e Artes Negras Contemporâneas, em memória a Zumbi dos Palmares, a Câmara de Duque de Caxias sediou, em 17/11, um encontro para discutir sobre a anemia falciforme, uma doença genética e hereditária que é mais comum em pessoas negras.
Estiveram presentes no evento, o vereador Nivan Almeida (PT), representantes do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos do Negro e Promoção da Igualdade Racial e Étnica (Condedinepir), das secretarias municipais, OAB/Duque de Caxias, do Pacto Antirracista e outros.
O vereador Nivan falou do início das atividades do conselho e a luta pela igualdade no município. “Lembro de 2016, quando a gente aprovou aqui a criação do conselho. Também votamos a lei que regulamenta as religiões de matrizes africanas, um marco para a Baixada Fluminense e para o Estado do Rio de Janeiro. Isso mostra que o governo tem que estreitar laços com as organizações sociais, instituições, pessoas, etc”.
A presidente executiva do Condedinepir, Evanderlina Julho, conhecida como Luana, ressaltou que o Conselho tem a grande missão de ajudar o gestor a enxergar as necessidades que não são do conhecimento de toda a população.
“A gente inicia hoje aqui o desafio sobre a questão da anemia falciforme. Não se discute políticas públicas só em novembro, essa luta é o ano inteiro. Quero deixar registrado aqui que esta Casa se responsabilize a ajudar o nosso prefeito para que a gente possa ter um laboratório para atender às pessoas com anemia falciforme”, disse a presidente do Condedinepir.
A anemia falciforme é caracterizada pela alteração dos glóbulos vermelhos do sangue, tornando-os parecidos com uma foice, daí o nome falciforme. Essas células têm sua membrana alterada e rompem-se mais facilmente, causando anemia. Embora mais comum nas pessoas negras, pode também ser observada em brancos e pardos.
“É uma doença que está à sombra ainda, apesar do grau de mortalidade que ela oferece. Precisamos de políticas públicas pois, assim as taxas diminuirão e a qualidade de vida vai acontecer. Essas pessoas são acometidas por dor, por crise álgicas, por outras situações também graves, porém, mais grave do que isso, é a discriminação”, explicou Ana Lúcia Siqueira Di Biasi que proferiu a palestra sobre a anemia falciforme na perspectiva da família. Ela falou das suas experiências e solicitou apoio das autoridades para ações que garantam mais qualidade de vida às pessoas com a doença.
Drª Zaira Gomes da Costa que também ministrou palestra sobre a anemia falciforme e seus problemas sociais, falou da discriminação: “Eu já perdi cinco filhos com anemia falciforme. Tenho mais de 60 anos nessa luta. Essa doença do sangue é a mais comum no mundo e, o Rio de Janeiro, é o segundo Estado com maior número de casos. Tem que ter uma política pública muito forte para amparar a família”.
Os participantes da mesa avaliaram positivamente o encontro e enfatizaram que as questões apresentadas serão de extrema importância para a construção de políticas públicas, em Duque de Caxias, sobre a anemia falciforme.
Na ocasião, foram concedidos o troféu Diamante Negro e o evento contou ainda com apresentações culturais. João Pedro, de 12 anos, falou da importância da Associação Cultural Ojuobá Axé para a vida das crianças e jovens. “Tira as crianças da rua para elas não fazerem coisas erradas e a gente fica feliz com isso porque eles levam a gente para vários passeios e coisas legais”, disse o menino que, ao lado dos amigos, abrilhantou o evento.
Fotos: Art Vídeo/ Victor Hugo