Evento abordou a história da escravidão a partir do município de Duque de Caxias
Palestras, roda de capoeira e uma ampla divulgação de informações sobre o período da escravidão, em especial, no município de Duque de Caxias, foram destaques no pré-colóquio “Caminhos e Descaminhos Fluminenses da Escravidão”, realizado pelo Instituto Histórico da Câmara, no dia 16/11.
O vereador Nivan Almeida, professores, integrantes do grupo de pesquisa A Cor da Baixada, do Museu Vivo da Capoeira e alunos do Colégio Estadual José de Souza Herdy participaram do evento que ainda contou com a apresentação musical de Arthur Costa que trabalha, em suas músicas, a cidade e suas questões culturais, com o show intitulada: “Uma dose de Caxias”.
A professora e diretora do Instituto Histórico, Tânia Amaro, explicou que o encontro representa um pré-colóquio para o evento que será realizado, em 2024, pela rede estadual dos Institutos Históricos. Ela destacou ainda que o município possui a Semana das Tradições Afrodescendentes, em alusão ao Dia da Consciência Negra, celebrado em 20/11, e que o encontro veio para complementar as atividades.
“É um momento super importante para congregar estas pessoas, militantes culturais da cidade que, cada um, na sua especificidade, preserva e divulga a nossa história local e regional, as nossas memórias e identidades”, disse Tânia Amaro.
O vereador Nivan Almeida enalteceu o trabalho de Tânia, apontando para o seu cuidado com a história do município. “A nossa Câmara tem um patrimônio muito rico, que é o nosso Instituto Histórico, e o carinho que a professora Tânia e as funcionárias que a acompanham têm, dá para ter certeza vai ao encontro daqueles interesses nobres de uma sociedade civilizatória”.
Os doutorandos Victor Hugo Monteiro Franco e Juliana Santos Lima fizeram uma breve apresentação de seus trabalhos acadêmicos. Victor estava emocionado, pois foi a primeira vez que falou da sua pesquisa na Câmara. “A minha pesquisa é sobre as pessoas que foram escravizadas pela Ordem de São Bento. Eu pesquiso a Fazenda do Iguassu que era muito grande, pegava uma parte de Caxias, parte de Belford Roxo, e como essas pessoas sobreviveram à escravidão”.
O tema pesquisado por Juliana é “Entre a maternidade e a fuga: as africanas em anúncios de jornais”. “Nós não conhecemos a nossa própria história. Eu sou moradora de Caxias, tenho 28 anos, e só depois que eu entrei para a faculdade, para cursar história, é que eu comecei a entender. É muito importante que estes eventos aconteçam, que os alunos possam vir porque eles vão continuar esta história e também escrever as suas próprias histórias”, enfatizou Juliana.
Sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, professor Paulo Knauss, foi agraciado com um certificado. Questionado sobre o encontro, ele ressaltou o papel da mulher escravizada. “Como a gente viu a partir dos trabalhos apresentados, como a história da escravidão contada a partir de Caxias ajuda a gente a repensar a imagem que a gente tem da escravidão. Muito interessante observar o protagonismo feminino no mundo da escravidão”.
Para o coordenador do Grupo de Pesquisas de Extensão Cultural A Cor da Baixada, Nielson Bezerra, o pré-colóquio municipal é o ponto de partida fundamental para o grande encontro estadual, em 2024. “Duque de Caxias é uma história muito potente, sobretudo a partir de sua história relacionada com a África, com os africanos, com a cultura afro-brasileira, o que eu tenho chamado de Histórias Ancestrais da Cidade. A gente precisa reconhecer isso nosso cotidiano, nas nossas memórias, nas nossas histórias”, finalizou ele.
Fotos: Art Vídeo/ Victor Hugo