Jornal da Hora
Na quinta-feira (17), o Ministério da Agricultura confirmou a presença da doença de Newcastle (DNC) em uma avicultura de corte localizada em Anta Gorda, Rio Grande do Sul. O diagnóstico foi realizado pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de São Paulo (LFDA-SP), um centro de referência internacional reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).
A DNC é uma enfermidade viral que afeta aves domésticas e silvestres, causando sintomas respiratórios, frequentemente seguidos por manifestações nervosas, diarreia e edema da cabeça.
Diante da confirmação do surto, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) implementou uma série de medidas rigorosas para evitar a disseminação da doença. O estabelecimento afetado foi imediatamente fechado, e a movimentação das aves foi suspensa para impedir que o vírus se espalhasse para outras regiões.
O Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA) emitiu o Ofício – Circular Conjunto Nº 04/DIPOA/SDA/2024, que restringe a exportação de determinadas carnes, ovos e matéria-prima de frango do Brasil para a Argentina e a União Europeia. Além disso, certos produtos avícolas do Rio Grande do Sul foram proibidos de ser exportados para mais de 30 países, e em alguns casos liberados caso submetidos a tratamento térmico conforme parâmetros estabelecidos pelo Comitê de Segurança da Informação (CSI). Estas ações são fundamentais para controlar a disseminação do vírus e proteger o mercado avícola brasileiro.
Impactos econômicos
A detecção da doença teve um impacto imediato no mercado financeiro. As ações de frigoríficos registraram queda significativa no Ibovespa, refletindo a preocupação dos investidores com as possíveis consequências econômicas do surto.
As ações da BRF (BRFS3) caíram 8% quinta-feira (18), enquanto a Marfrig (MRFG3) apresentou uma queda ainda mais acentuada de 9%. Esse declínio acentuado nas ações é um reflexo direto da importância do Rio Grande do Sul como o terceiro maior exportador de proteína animal do Brasil.
A interrupção nas exportações e as restrições comerciais impostas podem resultar em perdas financeiras significativas para o setor avícola.
O papel dos médicos-veterinários
A detecção desta doença destaca a necessidade contínua de vigilância sanitária rigorosa para evitar surtos que podem se espalhar rapidamente e causar graves prejuízos econômicos. Os médicos-veterinários, no papel de Auditores Fiscais Federais Agropecuários (AFFAs), desempenham um papel essencial na identificação precoce de surtos, no controle de doenças e na implementação de medidas preventivas.
Por meio da inspeção e fiscalização de produtos de origem animal, os fiscais agropecuários atuam diretamente no sentido de prevenir a transmissão de doenças para a população, dentro dos frigoríferos, verificando as condições de sanidade das carcaças e do produto final, verificando documentações e emitindo certificados.
O controle de fronteiras internacionais, a fixação de normas referentes a campanhas de erradicação de pragas e doenças, a aprovação dos métodos do sistema e manutenção de informações epidemiológicas, e a coordenação do Sistema Unificado fazem parte das atribuições do fiscal federal agropecuário.
Diogo Alves, presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio de Janeiro (CRMV-RJ), enfatizou a relevância dos médicos-veterinários na manutenção da saúde animal e na prevenção de surtos que podem ter consequências econômicas severas, inclusive impactando na saúde pública e na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.
“A atuação dos médicos-veterinários é vital não apenas para a saúde e bem-estar dos animais, mas também para a segurança dos alimentos e a economia do país. A vigilância sanitária e o controle de doenças como a DNC são fundamentais para garantir a continuidade das exportações e a confiança dos mercados internacionais. As ações dos médicos-veterinários visam o controle de entrada, a mitigação e a erradicação de doenças de animais e vegetais que podem resultar em perdas produtivas e econômicas para toda a cadeia agropecuária. Isto é a Medicina Veterinária, isto é Saúde Única” , declarou.
Sobre a doença de Newcastle
A doença de Newcastle (DNC) é uma enfermidade viral que afeta aves domésticas e silvestres, causando sinais respiratórios, frequentemente seguidos por manifestações nervosas, diarreia e edema da cabeça nestes animais. De notificação obrigatória a OMSA, ela é causada pela infecção por vírus pertencente ao grupo paramixovírus aviário sorotipo 1 (APMV-1), virulento em aves de produção comercial.
Os últimos casos confirmados no Brasil ocorreram em 2006 e em aves de subsistência, nos estados do Amazonas, Mato Grosso e Rio Grande do Sul.
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