Japeri debate Maio Laranja contra o abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes – 23/05/24

Promovido pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente,  o evento aconteceu na Câmara de Vereadores com participação da rede de Assistência Social

O Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) realizou, nesta quarta-feira, (22), o Seminário ‘Maio Laranja contra o Abuso e a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes’. O encontro aconteceu na Câmara Municipal de Japeri, em Engenheiro Pedreira, e reuniu a rede assistencial da cidade que presenciou o depoimento de Erica Nascimento, presidente da organização não governamental, Reobote Nascimento (RBN). 

Para a presidente do CMDCA, Maria Cristina Alves, o evento aconteceu com objetivo de fortalecer a rede e a conscientização, tanto da população quanto de todos os órgãos municipais, principalmente, assistência social, saúde e educação, responsáveis diretamente pelo acolhimento das demandas dessa natureza. “Precisamos fortalecer a campanha Maio Laranja e disseminar as informações por todos os cantos da cidade. Convidamos atores que estão diretamente ligados a esse atendimento e a essa proteção”, explicou Cristina. 

O evento aconteceu na Câmara de Vereadores com participação da rede de Assistência Social

Presente no evento, o secretário Municipal de Assistência Social e Trabalho, André Luiz, destacou que o encontro precisa de desdobramentos e que a pauta tem o apoio da Pasta. “Nossa gestão está aberta ao diálogo e atua na articulação e na proteção das crianças e adolescentes. Hoje estamos aqui, no que eu chamaria de roda de conversa franca e vamos pactuar o desdobramento e fortalecimento da rede”, disse o gestor.  

A psicóloga Ana Paula, do Programa Viva Japeri da Secretaria Municipal de Saúde (Semus), chamou a atenção para os canais de denúncia e a ficha de notificação do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (Sinan). “Com a notificação a gente consegue cuidar e proteger as vítimas. Elas também geram números e indicadores que promovem as políticas públicas. Sem elas parece tudo lindo, como se no mundo não tivessem vítimas. Com o fortalecimento da rede e os direcionamentos corretos conseguimos garantir direitos”, definiu a psicóloga.  

A estudante de psicologia Marcia Cristina destacou a importância dos cuidados com a saúde mental e o papel fundamental das equipes multidisciplinares. “As equipes de psicólogos, assistentes sociais, pedagogos e muitos outros, são peças importantes nesses atendimentos e cuidados às vítimas. Cuidar da saúde mental é tirá-las do universo da violência”, disse enfatizando também, que é preciso falar muito do assunto com as famílias e com os atores principais, as crianças e adolescentes.  

Palestra 

Com uma viagem na sua própria história e um relato que  emocionou os presentes, a palestrante e assistente social, Erica Nascimento, presidente da organização não governamental RBN, de apoio às classes vulneráveis, deu um depoimento e fez um convite a plateia, o de realizarem uma reflexão sobre os papéis sociais de todos os componentes da sociedade, principalmente os que atuam na área da infância e juventude e realizam orientação, acolhimento e a condução de casos de violência.  

Ela, que foi abusada e explorada sexualmente, contou como foi o aliciamento, a migração para a exploração sexual, a falta de informação da família, a dificuldade em ser ouvida e acolhida por órgãos de garantia de direitos à época, e ainda, como convive com as lembranças das violências sofridas. 

O evento aconteceu na Câmara de Vereadores com participação da rede de Assistência Social

 “O meu relato é uma realidade que ainda persiste para muitas crianças e adolescentes. Eu sofri com os abusos e explorações, dos 15 aos 18 anos, nas mãos de um homem de 54 anos que usou os meus sonhos de ser modelo para a prática das violências. E só foi possível vencer esse período com a ajuda de vizinhos e da comunidade local. Por isso é muito importante a rede de apoio, a difusão da informação e principalmente a conscientização. As pessoas ainda hoje precisam saber o que é essa violência”, relatou. 

Segundo ela, são mais de 69 mil denúncias no serviço de disseminação de informações sobre direitos de grupos vulneráveis e de denúncias de violações de direitos humanos, o Disque 100. Dessas, 17 mil são de abuso e exploração sexual. “Esses dados não são somente números, são pessoas machucadas, fragilizadas e que precisam de uma resposta urgente. Por isso, aproveitando que estamos nesta casa legislativa, eu deixo uma proposta, de Japeri discutir ainda mais esse tema e fazer um fórum para debater formas de combate ao abuso e a exploração”, finalizou.  

O evento contou com diversas participações da plateia num debate aberto que resultou no compromisso do secretário, André Luiz, com a disseminação da conscientização para outros grupos governamentais, estudantes e famílias.  

“O nosso Maio Laranja cumpre o seu papel quando colhe bons frutos de propagação das informações, das ações e dos eventos. Parte da nossa missão social e institucional se cumpre nesse momento. Agora é a próxima etapa, escolas, igrejas e famílias. Nosso 18 de Maio é todo dia!”, finalizou a presidente Cristina.  

18 de maio – Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes   

A data é uma referência ao dia 18 de maio de 1973, onde na cidade de Vitória (ES), o “Caso Araceli” chocou o país. A menina Araceli, de apenas oito anos de idade, teve todos os seus direitos humanos violados, sendo raptada, drogada, espancada, estuprada e morta por jovens de classe média alta daquele município. O crime, apesar de sua natureza hedionda, até hoje está impune e completa 51 anos. 

Rede de Proteção à Criança e Adolescente 

Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei Federal nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que regulamenta o artigo 227 da Constituição Federal, é consolidado em três pilares básicos dentro da chamada Doutrina da Proteção Integral: (a) crianças e adolescentes são sujeitos de direitos; (b) possuem uma condição própria de pessoa em desenvolvimento; (c) possuem prioridade absoluta na garantia dos seus direitos. 

Os casos de violação de direitos e violência devem ser denunciados no Disque 100 ou Conselho Tutelar, órgãos da segurança pública, delegacias e a Polícia Militar pelo 190 e ainda, nos atendimentos de saúde, CRAS, CREAS ou unidades educacionais.

Fotos: Divulgação PMJ

#japeri #maioamarelo #violenciasexual #disque100 #direitosdascriançaseadolescentes #araceli #façabonito

Veja também

DEFESA CIVIL DE DUQUE DE CAXIAS CELEBRA DIA MUNICIPALDE REDUÇÃO DE DESASTRES COM SIMULADO EM XERÉM – 21/11/24

A Secretaria Municipal de Obras e Defesa Civil de Duque de Caxias vai celebrar, no …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Page Reader Press Enter to Read Page Content Out Loud Press Enter to Pause or Restart Reading Page Content Out Loud Press Enter to Stop Reading Page Content Out Loud Screen Reader Support