Sindicato cobra regulamentação de emenda constitucional que criou a polícia penal no estado do Rio de Janeiro – 19/01/22

Entidade afirma que proposta já havia sido discutida pela categoria e estava pronta para ser votada na Alerj, mas que foi modificada pela atual gestão e encontra-se parada na Casa Civil

Desde que foi aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, em outubro de 2020, a emenda constitucional 77/2020, que transforma os agentes penitenciários em policiais penais ainda não foi regulamentada pelo governo do estado. O sindicato da categoria alega que o atual Secretário de Estado de Administração Penitenciária, Fernando Veloso, além de não ter encaminhado até o momento a minuta discutida pela categoria e chancelada pela gestão anterior à votação na Alerj, ainda teria modificado o texto original da proposta, que encontra-se paralisada na Casa Civil.

De acordo com o presidente do sindicato dos policiais penais, Gutembergue de Oliveira, a nova proposta enviada à Casa Civil desencadeou uma insatisfação em massa da categoria, que cobra o encaminhamento imediato pelo governador Claudio Castro da minuta original da proposta. “O secretário tirou o pino de uma granada que só tem duas opções: ou estoura no colo dele ou no do governador, que acreditamos até agora não ter nada com isso.  A criação da Polícia Penal foi um dos maiores projetos de Segurança Pública do Brasil, logo limitá-lo a uma simples transformação numa folha de papel sem discutir suas atribuições, é restringi-la a fala preconceituosa do secretário como guardiões de muralha”, argumenta.

Gutembergue Oliveira é presidente do Sindicato dos Policiais Penais do Estado do Rio de Janeiro

De acordo com a emenda constitucional aprovada na Alerj, de autoria do Deputado Max Lemos (PSDB),  a Polícia Penal será uma instituição permanente e vinculada à Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SEAP) com atribuições de segurança, vigilância e custódia dos estabelecimentos penais, que serão definidas em lei de autoria do Executivo. Os atuais cargos de inspetores de segurança e administração penitenciária serão transformados em “policiais penais” e novos agentes poderão serão admitidos por meio de concurso público. A instituição deverá ser dirigida exclusivamente por policial penal de carreira de último nível, nomeado pelo governador.

Pela proposta, a Lei Orgânica da Polícia Penal definirá a estrutura, organização, funcionamento, carreira, formação, direitos e deveres, proibições e processo disciplinar, além das atribuições de segurança dos estabelecimentos penais, a fiscalização de medidas alternativas à pena de prisão e outras correlatas ao sistema penal. A Lei Orgânica deverá dispor também sobre o Conselho de Polícia Penal e a Corregedoria de Polícia Penal. A medida ainda determina a mudança da Escola de Gestão Penitenciária para Academia Especializada de Polícia Penal, devendo ser dirigida a partir de 31 de dezembro de 2022, por um policial penal de carreira nomeado pela SEAP.

“O secretário Fernando Veloso tenta confundir os desatentos com a questão da área técnica, mas não informa que já tem três estados, cuja a regulamentação se deu de forma mais tranquila sem essa discussão até porque eles são regidos por legislação própria que é a lei 8436/2019, que diz que a área técnica compõe o quadro complementar da secretaria de Administração Penitenciária. O Secretário difunde um falso dilema para justificar sua visão preconceituosa quanto ao crescimento e valorização da Polícia Penal”, afirma Gutembergue.

Nepotismo e desvio de gratificações

Além do atraso na regulamentação da emenda constitucional que criou a Polícia Penal, os agentes também reclamam do suposto caso de nepotismo na Secretaria de Administração Penitenciária, envolvendo o irmão do secretário, Agostinho Veloso, que foi nomeado Assessor Especial do Gabinete do Secretário. Os servidores também questionam a retirada de 5% das gratificações de função de superintendentes, diretores, subdiretores e coordenadores da Seap, recursos que teriam sido utilizados para turbinar as gratificações de policiais civis.

O sindicato acusa ainda o secretário Fernando Veloso de utilizar as verbas secretas de adiantamento com desvio de prioridade. “O dinheiro que poderia, por exemplo, está fazendo a manutenção dos veículos de transporte dos presos, está sendo usado para promover piquenique na secretaria”, concluiu Gutembergue.

Foto: Divulgação

Veja também

Maricá estreita laços com Portugal e faz intercâmbio de experiências – 28/01/25

A Prefeitura de Maricá está em missão em Portugal para estreitar laços comerciais e prospectar …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Page Reader Press Enter to Read Page Content Out Loud Press Enter to Pause or Restart Reading Page Content Out Loud Press Enter to Stop Reading Page Content Out Loud Screen Reader Support